sábado, 7 de novembro de 2009

EIDOS INFO-ZINE # 20

Editorial

Caros Amigos,

Quando estávamos preparando a publicação do 20° número do Eidos, fomos surpreendidos com as notícias sobre a repressão do governo do Rio Grande do Sul sobre a FAG ( Federação Anarquista Gaúcha) e o assassinato do anarquista Chrystian Paiva no estado de Roraima. Sem demora, optamos por mudar o enfoque editorial desse número e resolvemos publicar artigos que trouxessem uma visão panorâmica acerca dessa vaga repressiva que está se abatendo sobre os anarquistas em diferentes partes do Brasil. Com isso, pretendemos demonstrar a nossa solidariedade para com os camaradas que, mesmo em situações tão adversas, decidiram não abdicar da luta e continuam resistindo firmemente. Além desses artigos, o Eidos traz também um artigo do historiador norte-americano Howard Zin comentando o fato (nem tão) paradoxal de Barack Obama ter sido laureado com o prêmio nobel da paz de 2009. E para finalizar, algumas notícias libertárias.

Boa leitura e anarquizem!



PROTESTO NÃO É CRIME, NENHUM PASSO ATRÁS
Crônica do ataque policial-estatal sofrido pela FAG
Sábado 31 de outubro de 2009, Porto Alegre – RS, Brasil

A Federação Anarquista Gaúcha (FAG) agradece fraternalmente a solidariedade que está sendo manifestada e reafirma seus princípios frente ao ocorrido no dia 29 de Outubro, em Porto Alegre. Homens e mulheres livres, dotados de ideais e certos do direito que tem de expressá-los política e socialmente seguem íntegros.Na tarde do dia 29 de Outubro foi deflagrada a execução pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul de dois mandados judiciais (Justiça Estadual) de busca e apreensão na sua sede pública em Porto Alegre e no endereço de hospedagem do site vermelhoenegro.org na cidade de Gravataí. Em tais ordens constava o recolhimento de material impresso de propaganda, computador (CPU) e demais objetos relacionados à queixa criminal. Os agentes do Estado inicialmente tentaram arrombar o portão conforme testemunho de vizinhos do local, já que a sede estava fechada naquele momento. Após a entrada no local, mediante a leitura do mandado, iniciaram a busca no interior do imóvel por cartazes, boletins informativos e demais documentos ao mesmo tempo em que desligaram o telefone, alegando que durante aquela execução não se pode usar tal meio. O agravante é que além do cartaz requerido pela ordem judicial, no qual a governadora é responsabilizada junto à Brigada Militar (polícia militar estadual) pelo assassinato de Eltom Brum da Silva, levaram o estoque de arquivo de outras produções impressas de opinião política e informação, como um arquivo de cartazes reivindicando a saída da governadora e denunciando a ingerência do Banco Mundial no seu projeto político. Este material é parte da campanha pública deflagrada pela FAG dentro do contexto de uma ampla campanha de mobilização sindical e popular que vem se desenvolvendo há pelo menos um ano neste estado.
Na tarde do dia 29 de Outubro foi deflagrada a execução pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul de dois mandados judiciais (Justiça Estadual) de busca e apreensão na sua sede pública em Porto Alegre e no endereço de hospedagem do site vermelhoenegro.org na cidade de Gravataí. Em tais ordens constava o recolhimento de material impresso de propaganda, computador (CPU) e demais objetos relacionados à queixa criminal. Os agentes do Estado inicialmente tentaram arrombar o portão conforme testemunho de vizinhos do local, já que a sede estava fechada naquele momento. Após a entrada no local, mediante a leitura do mandado, iniciaram a busca no interior do imóvel por cartazes, boletins informativos e demais documentos ao mesmo tempo em que desligaram o telefone, alegando que durante aquela execução não se pode usar tal meio. O agravante é que além do cartaz requerido pela ordem judicial, no qual a governadora é responsabilizada junto à Brigada Militar (polícia militar estadual) pelo assassinato de Eltom Brum da Silva, levaram o estoque de arquivo de outras produções impressas de opinião política e informação, como um arquivo de cartazes reivindicando a saída da governadora e denunciando a ingerência do Banco Mundial no seu projeto político. Este material é parte da campanha pública deflagrada pela FAG dentro do contexto de uma ampla campanha de mobilização sindical e popular que vem se desenvolvendo há pelo menos um ano neste estado.
Conforme comunicado pelos agentes da Polícia Civil o processo está embasado na queixa de injúria, calúnia e difamação contra a FAG movido pela governadora Yeda Crusius (PSDB) referente ao termo “assassina” publicado em panfletos, cartazes e página web. Também foram apreendidos outros documentos não relacionados ao fato, assim como uma coleção de discos de arquivo de backup e do próprio CPU. Perguntavam por armas e drogas, numa tentativa clara de nos criminalizar assim como sobre quem toma as decisões, quem são os responsáveis, como funciona a FAG, se tem registro jurídico formal enquanto associação ou entidade. Buscavam também, com um segundo mandado semelhante o endereço e o responsável pela página do site da internet, havendo uma ameaça clara de cerceamento da liberdade de expressão também neste veículo assim como da tentativa de criminalização do seu responsável técnico, o qual não foi localizado. O responsável pelo endereço físico do portal foi levado à 17ª delegacia e apreendido neste local – em Gravataí (Região Metropolitana de Porto Alegre) também o CPU do seu computador, um palm-top de uso pessoal e arquivos de documentos antigos da FAG, que permaneceram lá guardados ao longo dos anos, como cartazes, revistas e informativos diversos.
No total, a repressão política impetrada pela governadora terminou identificando e levando para interrogatório a quatro pessoas. As oitivas se deram na 17ª delegacia de Polícia Civil em Porto Alegre, agora seguindo o inquérito, possível indiciamento e posterior processo judicial contra os indivíduos identificados e responsabilizados pela referida campanha pública de difusão de opinião, em nome da FAG, sobre o assassinato de um companheiro do MST na fazenda Southall em São Gabriel (Fronteira Oeste), ocorrido em 21 de agosto deste ano. Reiteramos porém que não apenas os ditos materias ofensivos foram apreendidos, mas vários arquivos de textos e discos, documentos políticos, atas de encontros e reuniões, inclusive objetos já descartados caracterizados como lixo e também que a ameaça de exclusão do site vermelhoenegro.org está clara. Assim, alertamos a todas as companheiras e companheiros, incluindo aqueles que se solidarizam conosco, cientes do motivo caso sejamos excluídos, ou melhor, censurados, em nossa página na internet.
O episódio do assassinato do sem-terra Eltom Brum da Silva, a luta de idéias, a propaganda e agitação produzidas pela FAG sobre os fatos motivaram a queixa de injúria, calúnia e difamação que resultaram em busca e apreensão do material difundido na semana seguinte ao dia 21 de Agosto de 2009. Em São Gabriel, no sul do país, o colono Sem Terra foi covardemente morto com um tiro de calibre 12 pelas costas, havendo inclusive relatos discordantes quanto ao responsável direto pela morte. Este fato é fundamental, já que uma pergunta que fazemos é: independente da patente daquele que segurava a arma com munição letal e da sua intenção ou dolo, não são os governantes os responsáveis pelas polícias e demais instituições do Estado?
No topo da cadeia hierárquica são os governadores dos estados brasileiros os chefes máximos das polícias estaduais (Civil e Militar), portanto é a governadora Yeda Crusius no Rio Grande do Sul, assim como seria em qualquer outro estado do país, a responsável direta por qualquer ato de seus comandados diretos. Mas há ainda outras considerações importantes. As políticas públicas implementadas pelos governos são também responsabilidade de quem as define e executa, mais uma vez representado no seu chefe, o governador. Não somente a fato do assassinato de um Sem Terra em 2009, caracterizado pela própria mídia tradicional como político, mas também as conseqüências das políticas para a educação e saúde públicas, da criminalização da pobreza nas periferias urbanas e no campo, assim como sobre os movimentos sociais e sindicatos são bandeiras legítimas que vários setores do povo organizado vêm levantando a mais de ano contra este governo. Não há casos isolados, mas um endurecimento dos dispositivos de criminalização e repressão brutal a todos estes setores, como por exemplo, na greve dos bancários e dos professores estaduais em 2008 e a tentativa de criminalização da oposição dos servidores públicos liderada pelo CPERS-sindicato, de longa trajetória de lutas. Não podemos tampouco omitir o processo político deflagrado junto ao Ministério Público estadual contra o MST, uma conspiração de Estado, também com o firme propósito de criminalizá-lo.
Outro agravante deste governo são os efeitos a curto, médio e longo prazo do empréstimo com o Banco Mundial, por exemplo, a tentativa de venda da Pampa para os interesses das papeleiras, a prevalência do agronegócio sobre a agricultura familiar e o financiamento direto e indireto dos grupos e corporações nacionais e multinacionais. Enfim, se aplica o plano estratégico neoliberal para o RS publicamente conhecido na agenda 2020 e estas metas são responsabilidades de todos os que compõem o governo com funções políticas (1º, 2º e 3º escalão) e principalmente da governadora Yeda Crusius, evidente defensora do seu projeto de governo, ou melhor, do projeto das elites que a sustentam e dos interesses que estas representam.
Não ignoramos o papel das classes dominantes como agentes decisivos na política e da sua influência no jogo de interesses que caracterizam os governos de turno do estado do RS. Aqui estão presentes os interesses dos latifundiários e do agronegócio e toda sua cadeia depredatória, como a indústria da celulose, o deserto verde, a exploração das reservas de água, a tentativa de criminalização do MST, o fechamento das escolas itinerantes dos acampamentos, etc.. . Também estão em jogo os interesses daqueles que vivem do roubo sistemático contra o povo, da corrupção institucionalizada, da banca estelionatária e criminosa, da velha ordem de tirar vantagem, de desprezar o povo e fundamentalmente seus direitos e sua capacidade de rebelar-se. São inúmeras as denúncias e evidências de corrupção escandalosa assim como foram muitas as tentativas de desqualificar e impedir os sindicatos, as categorias e movimentos sociais de manifestarem seu repúdio, sua opinião.
A política de retirada de direitos dos trabalhadores, muitos deles conquistados orgulhosamente com muito combate desde os sindicatos de resistência há mais de cem anos, não é exclusividade do governo Lula. Aqui no RS o governo Yeda Crusius tomou e vem tomando várias medidas de cerceamento, repressão e criminalização contra os professores estaduais e seu o sindicato (CPERS), assim como de seus dirigentes. As escolas públicas estaduais passaram a ser um negócio entre o governo e organizações privadas, as fundações educacionais, verdadeiras cloacas de dinheiro público com sua lógica de gestão e seus interesses, onde quem ganha são os de sempre e quem perde é o povo. As conquistas de décadas de lutas das categorias dos trabalhadores da educação vêm sendo combatidas arduamente pela atual política para a educação no governo estadual, antes também personificado na figura de Mariza Abreu, ex-secretária de educação, logo também responsável pelas conseqüências do projeto que defende.
O CPERS junto a vários outros sindicatos dos serviços públicos estaduais organizados no Fórum dos Servidores e com diversos setores dos movimentos populares, sindical e estudantil vem denunciando e posicionando-se contrários publicamente a essas políticas e suas conseqüências. A campanha, chamada “Fora Yeda”, na qual somamos esforços, é onde está contextualizada a luta de propaganda e agitação que motiva o processo contra a FAG.
Queremos registrar a solidariedade que foi manifestada prontamente por vários companheiros, entidades, sindicatos, veículos de comunicação alternativos, da comissão de direitos humanos do MST, do Cpers-sindicato na presença de sua presidente e vice já em nossa sede durante a operação policial, assim como da disponibilização das assessorias jurídicas deste e de outros sindicatos. Temos a solidariedade como um princípio e estamos enaltecidos com tantas manifestações que recebemos e certamente seguiremos recebendo de tantos estimados companheiros, como as já manifestadas pela Confederação Geral do Trabalho (CGT-Espanha) e nossa co-irmã, a Federação Anarquista Uruguaia (FAU).
Nos exemplos de Sacco e Vanzetti reafirmamos que a natureza criminal das classes dominantes, suas elites dirigentes, do sistema capitalista seguirá colidindo com o antagonismo e a vigência de nossas lutas, de nossos princípios e acima de tudo do direito a liberdade pelo qual seguiremos peleando. Com um olhar firme no horizonte libertário que buscamos, com a dignidade de combatentes e a solidariedade com as classes oprimidas, aos povos que lutam, suas ânsias por construir desde o presente caminhos rumo a uma nova sociedade, nenhum passo atrás é a palavra de ordem.
Que a ofensa feita a um seja a luta de todos!
Pelo socialismo e pela liberdade,
Não tá morto quem peleia!
Federação Anarquista Gaúcha
Contato: fag.solidariedade@gmail.com
Fonte: http://www.farj.org/

Modelo de carta de solidariedade a fag


Viemos através deste manifestar nossa solidariedade a Federação Anarquista Gaúcha em repúdio a invasão e apreensão de materiais e equipamentos de sua sede em Porto Alegre operada pela polícia civil na tarde de quinta-feira, 29 de outubro, e a abertura de processo criminal por injúria, calúnia e difamação a mando da governadora Yeda Crusius e expedido pelo Ministério Público Estadual. Este ato repressivo constitui cerceamento da liberdade de expressão e o direito de reunião resultando em censura política e intento de criminalização desta organização.
Já é notório para o Brasil e também em nível internacional a política de criminalização da pobreza e do protesto que é operada por este governo. Repressão e processos judiciais sobre o Movimento Sem Terra, categorias em greve, dirigentes sindicais e mobilizações populares que fazem oposição e denúncia aos esquemas de corrupção instalados nos altos escalões do governo e das políticas do Banco Mundial que desmontam com os serviços públicos e atacam direitos dos trabalhadores. A pobreza da periferia das grandes cidades também é alvo desta política truculenta.
Com esta carta queremos pesar as justas reivindicações de fim aos processos judiciais e a devolução de todos os bens apreendidos da FAG como a garantia das liberdades democráticas que foram violadas pelo Estado.

endereçar para:
Ouvidoria do Estado do Rio Grande do Sul - Brasil
Correio: ouvidoria@gg.rs.gov.br
Fax: 00 55* (51) 3210.4522
Procuradoria Geral de Justiça - Ministério Público Estadual
Correio: pgj@mp.rs.gov.br
Fax: 00 55* (51) 32253288
Gabinete do Ministro da Justiça – Governo Federal
Site: www.mj.gov.br
Fax: 00 55* (61) 20259556
*para chamadas internacionais.
OBS: Favor enviar cópias dos envios para o email novo da FAG:
fag.solidariedade@gmail.com

Anarquista morre em condições suspeitas no estado de Roraima.

Não acreditamos que o professor Chrystian Paiva tenha cometido suicídio. Meu nome é Adriana Gomes, sou Professora efetiva do Estado de Roraima, e era companheira do historiador formado pela Universidade de São Paulo (USP), professor, poeta, escritor, musico, compositor e anarquista Chrystian Paiva. Desde fevereiro de 2009, durante os quase dois anos que esteve no Estado de Roraima lutamos juntos no Sindicato dos Professores (SINTERR).
No dia 17 de outubro, sábado, saímos com uma amiga libertária que veio do estado de São Paulo nos visitar, e fomos ao balneário Caçarí que fica um pouco isolado na cidade de Boa Vista, capital do Estado de Roraima. Tínhamos uma arma utilizada para nos defendermos, levamos para o passeio dentro de uma mochila, o estado é isolado e o poder está nas mãos dos latifundiários, as relações são coronelistas, e esses coronéis fazem suas próprias leis, eles são a lei, então usávamos a arma como precaução e auto-defesa. Passamos a noite do dia 17 e quando amanheceu, domingo (18), percebemos que havíamos trancado a chave dentro do carro e começamos a pedir ajuda. Enquanto esperávamos ajuda conversávamos com várias pessoas e o Chrystian estava bem, aproximadamente às 10h me afastei alguns metros do local e deitei embaixo de uma árvore a fim de descansar e dormi.
Aproximadamente às 11h, o Chrystian foi bruscamente abordado por uma guarnição da Polícia Militar, sob o comando do Subtenente Machado, e sem nenhum indício anterior que tivesse intenção de cometer suicídio em um balneário movimentado, em plena luz do dia. A polícia em sua versão disse que o mesmo cometeu suicídio. As testemunhas são controversas, Chrystian era destro e a bala que perfurou a sua cabeça entrou do lado esquerdo, a mão esquerda estava machucada, assim como estava com hematomas e arranhões no rosto. Tudo leva a crer que não teve como se defender, e se tivesse como se defender com uma arma de fogo não atiraria na própria cabeça na frente de policiais militares. Não acreditamos na versão oficial da imprensa e da polícia de que Chrystian tenha cometido suicídio.
O Professor Chrystian era anarquista aguerrido, com quase dois anos residindo em Roraima mobilizou os professores do Estado para lutar contra as más condições da Educação, o coronelismo autoritário implantado pelo Estado nas escolas e a política pelega do Sindicato dos Professores.
Passávamos noites juntos com ele enviando e-mails, criamos o MOTE, e como todo bom anarquista era apaixonado pelos seus ideais e ação direta. Colecionava um grande histórico de lutas de repercussão nacional e internacional empreendida no estado onde nasceu, São Paulo, e era punk desde os 12 anos. Ficamos indignados em saber que um companheiro de luta tão importante para o movimento tenha sido vítima de uma ação de policiais truculentos, e queremos vingança.
Vamos lutar o mais que pudermos para responsabilizar os verdadeiros culpados, pedimos a ajuda de todos os amigos e companheiros de luta para divulgação regional, nacional e internacional do ocorrido.
Adriana Gomes
Fonte: ANA-Agência de Notícias Anarquistas



Guerra e prémios da paz

Fiquei consternado quando soube que Barack Obama recebeu o prémio Nobel da Paz. Um choque, realmente, pensar que um presidente que leva a cabo duas guerras receberia um prémio da paz. Até que me lembrei que Woodrow Wilson, Theodore Roosevelt e Henry Kissinger tinham, todos, recebido prémios Nobel da Paz. O comité Nobel é famoso pelas suas avaliações superficiais, por se deixar conquistar pela retórica e por gestos vazios, e ignorar óbvias violações da paz mundial.
Sim, Wilson recebe crédito pela Liga das Nações - esse corpo ineficiente que não fez nada para prevenir a guerra. Mas ele tinha bombardeado a costa mexicana, enviado tropas para ocupar o Haiti e a República Dominicana, e levado os EUA para o matadouro da Primeira Guerra Mundial na Europa, seguramente entre as mais estúpidas e mortíferas guerras.
Certo, Theodore Roosevelt negociou a paz entre o Japão e a Rússia. Mas era um amante da guerra, que participou da conquista de Cuba pelos EUA, fingindo libertá-la da Espanha, enquanto apertava os grilhões estadunidenses sobre essa pequena ilha. E, como presidente, presidiu à guerra sangrenta para subjugar os filipinos, felicitando mesmo um general estadunidenses que tinha acabado de massacrar 600 aldeões indefesos nas Filipinas. O comité não deu o prémio Nobel a Mark Twain, que denunciou Roosevelt e que criticou a guerra, nem a William James, dirigente da liga anti-imperialista.
Ah! sim, o comité achou apropriado dar um prémio da paz a Henry Kissinger, porque ele assinou o acordo final que pôs fim à guerra do Vietname, da qual fora um dos arquitetos. Kissinger, que acompanhou obsequiosamente a expansão da guerra de Nixon com o bombardeamento de aldeias camponesas no Vietname, no Laos e no Camboja. Kissinger, que se coaduna perfeitamente com a definição do criminoso de guerra, teve um prémio da paz!
As pessoas deveriam receber um prémio da paz não com base em promessas que tenham feito - tal como Obama, um eloquente fazedor de promessas -, mas com base em feitos reais no sentido de acabar com a guerra; e Obama tem prosseguido as acções militares mortíferas e desumanas no Iraque, no Afeganistão e no Paquistão.
O comité Nobel da paz deveria retirar-se e entregar os seus enormes fundos a alguma organização internacional da paz que não seja assombrada pelo estrelato e pela retórica, e que tenha alguma compreensão da história.

Howard Zin

Fonte: Informação Alternativa.



Notícias


Sem Terra gaúchos manifestam solidariedade à FAG


O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem a público manifestarsua solidariedade à Federação Anarquista Gaúcha (FAG) e repudiar mais umato de criminalização das organizações populares ocorrido no Rio Grande doSul. No último dia 29 de outubro, esta entidade teve materiais de propaganda,computadores e chapas de cartazes apreendidos. Os materiais denunciavam as conseqüências do empréstimo do Governo do Estado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e também o assassinato do trabalhador sem terra Elton Brum pela Brigada Militar gaúcha. A apreensão foi movida por uma ação da governadora Yeda Crusius por injúria, calúnia edifamação contra a FAG.Lamentavelmente, o desrespeito às liberdades civis, o cerceamento dos direitos de manifestação e expressão, a criminalização e a repressão aos trabalhadores e trabalhadoras são política de Estado no Rio Grande do Sul.A apreensão de cartazes na FAG soma-se a uma série de episódios que incluem desde a perseguição e coação de sindicalistas ao assassinato de trabalhadores como Elton Brum.Reafirmamos nossa solidariedade com a convicção de que não serão estas ações de um Governo totalitário, cujos principais membros são investigados por corrupção e desvios de recursos públicos, que impedirão a organização popular e a luta dos movimentos sociais do campo e da cidade.Coordenação Estadual MST/RS



Nota de Repúdio da Farj à invasão da sede da FAG pela polícia civil!

Às 16h do dia 29 de outubro de 2009, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, sob o comando da Governadora Yeda Crusius com base num mandado de segurança, invadiu e aprendeu material de propaganda política contra seu governo, atas de reuniões, chapas de cartazes, resíduos de uma lixeira eaté a CPU de um computador na sede da Federação Anarquista Gaúcha(FAG).Dois companheiros da FAG prestaram depoimento e estão sofrendo um processo, cuja origem está num governo acusado de dezenas de crimes e alvo de investigações federais, que ao contrário da velocidade com que atingem os companheiros anarquistas gaúchos, movem-se lentamente nos trâmites da institucionalidade burguesa; fazendo jus ao cínico epíteto: O ataque a Federação Anarquista Gaúcha inscreve-se numa conjuntura de freqüentes ataques aos movimentos sociais e as organizações anti-capitalistas no Rio Grande do Sul. O assassinato cruel do sem-terra Elton Brum e a esgrogue tentativa de fechar as escolas do MST no início do ano, revelam não só o aspecto da política institucional que está sendo levada à cabo neste estado, mas demonstram que por baixo de um suposto estado de direito democrático há na verdade uma ditadura de classe resguardada por um aparato político oficializado, acionado sempre que os movimentos sociais e as organizações políticas dos trabalhadores questionam alguns de seus privilégios.Ao redor do país a situação não se modifica substancialmente, o assassinato sistemático de militantes dos movimentos sociais e de trabalhadores e a criminalização desses movimentos, seja por uma lógica de“segurança pública” encomendada pelas elites, seja pela ação de setores da inteligência da polícia revela descaradamente o projeto brutal organizado pelos governos estaduais e federais, com apoio diga-se de passagem, de alguamas organizações supostamente de esquerda.Prestamos nossa solidariedade à FAG; como comprova a história, não é a primeira nem a última vez que irão atacar uma organização política anarquista, a recorrência da repressão jamais acossará o ânimo dos libertários envolvidos nas lutas sociais, ao contrário disto, apenas fortalecem nossas fileiras contra os inimigos comuns.Que este episódio, como outros relacionados e anteriores, removam as ingenuidades e sirvam de alerta às organizações políticas e aos movimentos sociais! Em épocas de Copa do Mundo e Olimpíadas, os sonhos dos trabalhadores e anticapitalistas não cabem nos projetos da elite, portanto permaneçamos de olho aberto!Fica aqui registrada nossa indignação e nosso sentimento de solidariedade!
Federação Anarquista do Rio de Janeiro - FARJ
http://www.farj.org/
Cx Postal 14576 CEP 22412-970. Rio de Janeiro/RJ





SEMINÁRIO CEM ANOS SEM FERRER A PEDAGOGIA LIBERTÁRIA EM QUESTÃO- salvador Bahia



Pessoal,

Maravilha o seminário “Cem anos sem Ferrer”. No primeiro dia, sexta-feira, a convidada de São Paulo prof. Doris Accioly e Siva apresentou a leitura de Tragtenberg sobre Ferrer e, mais do que isso, fez a sua leitura sobre os primórdios do anarquismo no Brasil e o esforço libertário da criação de centenas de escolas inspiradas no modelo ferreriano. Maravilha também a apresentação de João Neto sobre as escolas libertárias no incício do século e abrindo perspectivas para novos estudos e estudiosos sobre o tema das escolas modernas aqui na Bahia, seguido de um bom debate. No sábado foi a vez de Ricardo Líper, no bom estilo nietzschiano, apesar de dizer que só se pode filosofar em alemão ou em grego seguindo a máxima heiddegariana, com uma crítica à farsa acadêmica, ao modelo ultrapassado de universidade e de educação; em seguida foi a vez do ISVA com Antonio, Eduardo e Igor apresentar o trabalho que vem desenvolvendo nos últimos anos. Após o debate do sábado, fomos comer uma moqueca e uma deliciosa feijoada no Aconchego da Zuzu. Uma parte do grupo ainda levou a nossa convidada Doris para conhecer o Pelourinho.
Um Grande abraço da Equipe do Instituto Socioambiental de Valéria
Fonte: Everaldo Tavares
E-mail: tavaresinspetor@yahoo.com.br




Colóquio 100 anos da execução de Ferrer Rio de Janeiro-RJ

Nascido em 10 de janeiro de 1859 na Catalunha, Francisco Ferrer y Guardia é conhecido como o grande organizador da experiência da "Escuela Moderna" de Barcelona.
Contando com colaboradores em todo o mundo, Ferrer inspirou discipulos, defensores de uma educação crítica às formas de dominação, mista entre os sexos e as classes, laica e sem prêmios nem castigos.
Há exatos cem anos sua execução marcou a imprensa operária. Perseguido pelo Estado e pela Igreja é preso, acusado de mentor intelectual de agitações na Espanha, sendo fuzilado em 13 de outubro de 1909.
Protestos contra o ocorrido renderam repressões e prisões ao movimento operário de todo o mundo, mas o método e a filosofia de educação de Francisco Ferrer y Guardia, se espalham por diversos países, inclusive o Brasil.
Por este motivo, propomos a construção de um colóquio rememorando o centenário da morte desse pedagogo importante, sua obra e as homenagens a ele feitas no Rio de Janeiro, no Brasil e em outros países.
A realização de um "COLÓQUIO EM MEMÓRIA DE FRANCISCO FERRER Y GUARDIA" visa apresentar a vida e a obra do pedagogo Francisco Ferrer y Guardia a setores dos movimentos sociais e comunidades Acadêmicas, bem como aos professores em geral.
O evento será realizado de 09 (segunda-feira) à 14 (sábado) de Novembro de 2009, com quatro mesas temáticas distribuidas em cinco espaços distintos: na UNIRIO, na AMORJ, localizado no IFCS UFRJ, na UFF, na UFRRJ.e no Centro de Cultura Social do Rio de Janeiro.

Segunda-Feira Data: 09/11/2009Local: Auditório Milton Santos - TérreoInstituto de Geo Ciencias UFF: Campus da Boa Viagem / Praia Vermelha - Niterói
Inicio às 14 horas.Termino às 17 horas.
Apresentações:"Os Protestos e Homenagens a Ferrer na Imprensa", Milton Lopes
"Ciência e Franco-Maçonaria na Escola Moderna de Barcelona", Robledo Mendes da Silva
Terça-Feira Data: 10/11/2009Local: Auditório do CCET, no 1° andar do anexo.Centro de Ciências Exatas e Tecnologia UNIRIO: Campus da Av. Paster n° 458 / Urca / Rio de Janeiro
Inicio às 18 horas.Termino às 21 horas.
Apresentações:"Os Princípios Pedagógicos da Escola Moderna", Angela Maria Souza Martins
"O Dualismo e a Educação", Silvério Augusto Moura Soares de Souza
Quarta-FeiraData: 11/11/2009Local: Sala 106, IFCS/UFRJ.UFRJ: Campus do IFCS UFRJ, Largo de São Francisco de Paula, nº 1 - Centro - Rio de Janeiro
Inicio às 17 horas.Termino às 21 horas.
Apresentações:"A Instrução Integral na perspectiva da Escola Moderna de Barcelona", Rogério Cunha de Castro
"Os Discípulos de Ferrer na revista A Vida", Sergio Mesquita
Quinta-FeiraData: 12/11/2009Local:Instituto de Educação, sala 8 IE/UFRuralRJ.IE - Instituto de Educação UFRuralRJ / Campus Seropédica / Rio de Janeiro
Inicio às 13 horas.Termino às 16 horas.
Apresentações:"Os Discípulos de Ferrer na revista A Vida", Sergio Mesquita
"Ciência e Franco-Maçonaria na Escola Moderna de Barcelona", Robledo Mendes da Silva
Sábado Data: 14/11/2009Local: CCS-RJ.Centro de Cultura Social do Rio de Janeiro: Rua Torres Homem 790- Vila Isabel- Rio de Janeiro
Inicio às 14 horas.Termino às 17 horas.
Apresentações:"Video e debate", José Damiro de Moraes e Robledo Mendes da SilvaMais informações em:

Fonte:http://homenagemaferrer.blogspot.com/



Biblioteca José Oiticica: um projeto de educação libertária
A Biblioteca Comunitária Prof° José Oiticica mantida pelo Instituto Socioambiental de Valéria é muito mais que um depósito de livros. É um projeto de Educação Libertária num bairro periférico da cidade de Salvador-Ba.
Foi no bairro Valéria que Seu Antonio Fernandes Mendes, descendente de Antonio Conselheiro, natural de Quixeramobim (Ceará), camponês sindicalista, revolucionário anarquista, instalou um espaço de educação informal onde passou a plantar ecologicamente e dar aulas ao ar livre.
No rastro dessa história, em uma casa velha de fazenda acontece hoje a Biblioteca Comunitária Prof° José Oiticica. Ela precisa de doações para reformas, pois a casa é muita antiga.
Quem puder doar a sua contribuição para este projeto segue abaixo o número da conta e agência bancárias:
Banco do Brasil
Conta: 8.803-X
Agência: 1599-7
Fonte: http://isva-institutosocioambientaldevaleria.blogspot.com/
Contatos

Fernanda Caroline de Melo Rodrigues: fernandaanarquista@yahoo.com.br
Thiago Lemos Silva: thiagobakunin@yahoo.com.br

Um comentário:

Unknown disse...

Como sempre, o eidos 20 mantém a excelência de notícias e análises libertárias. Parabéns Thiago, autores e colaboradores.